quarta-feira, 25 de julho de 2012

25/07/2012 - Tecnologia desperta o interesse e habilidades


Jogos, facebook e outras ferramentas digitais trazem o ensino do século 21 e ampliam as possibilidades de aprendizado

17/07/2012 - 08h40 . Fabiano Ormaneze . ESPECIAL PARA A AGÊNCIA ANHANGUERA  

O professor de artes Paulo Cesar Campos capacita outros docentes da Emef Ângela Cury Zákia para aplicar recursos digitais nas aulas
(Foto: Divulgação)


Um aforismo muito repetido entre os estudiosos de pedagogia diz que, na escola, convivem três gerações: o aluno nascido no século 21, em plena evolução da informática, o professor nascido e formado no século 20 e a escola, que mantém práticas e estruturas próprias do século 19. Se depender do trabalho dos professores Eliane Lucy Marcelino e Paulo Cesar Campos, da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Ângela Cury Zákia, em Sousas, essa comparação, no entanto, deixará de ser pertinente em breve. Desde o início deste ano, os dois incluíram nas atividades com os alunos uma série de ferramentas tecnológicas, o que aproximou o conteúdo da realidade dos estudantes e suscitou o interesse, afinal, o que antes era quase só entretenimento, como as redes sociais, se tornou tema de aula e material didático.


No ano passado, Campos, professor de artes na escola, participou de um curso oferecido pela Secretaria Municipal de Educação sobre o uso de recursos digitais didáticos, como jogos, disponíveis nas salas de informática dos colégios municipais. A partir disso, usando os horários de reunião pedagógica na escola, ele passou a retransmitir os conhecimentos aos colegas professores e também a preparar os chamados alunos-monitores, estudantes que, no período em que não estão em aula, auxiliam colegas e até mesmo docentes no laboratório de informática. “Posso dizer que, antes de passar pela formação e começar a usar a internet e o computador nas minhas aulas, eu tinha muita resistência, praticamente, medo”, explica Eliane que, além de dar aulas para a turma do 4º ano na escola, também leciona no curso de pedagogia da Faculdade Anhanguera de Campinas (FAC).


A partir de então, as aulas de Eliane se transformaram, como ela mesma reconhece. As atividades desenvolvidas com os alunos agora se tornam vídeos postados no YouTube, site de compartilhamento na internet, e podem ser vistos não só pelos alunos – motivo de orgulho, principalmente ao compartilharem seus feitos com outros colegas, inclusive, de outras escolas – e pelas famílias. “Os pais passaram a acompanhar mais de perto o que está sendo feito e os alunos se interessam mais por fazerem um bom trabalho, já que ele será exibido para todo o mundo”, explica Eliane.


Na sala de aula, é visível o aumento do interesse. Durante as atividades, as crianças já pensam e falam para a professora sobre suas ideias virtuais. Foi assim, por exemplo, quando a turma acessou vários livros digitais e, após a leitura, produziu teatros de fantoches, que, filmados com uma câmera da professora, deram origem a vídeos postados na internet. “O interessante é que os próprios programas dão informações explicativas sobre como montar os vídeos. Os alunos, então, desenvolvem também essa habilidade”, afirma Eliane.


O uso das novas tecnologias e da internet também auxiliou a promover a interdisciplinaridade, ou seja, o trabalho conjunto entre várias disciplinas. “Nas minhas aulas de artes, posso ajudar os alunos a criar os vídeos, pensar em recursos estéticos, a organização dos slides e a divulgação dos trabalhos”, conta Campos.


Redes sociais
Até o Facebook, site de relacionamento virtual, ganhou novas funções nas aulas. Por meio dele, os alunos se comunicam, agendam horários para os trabalhos, criam grupos de discussão e compartilham endereços de vídeos que podem auxiliar nas tarefas.


Há pouco tempo, a criançada estava sendo preparada para participar da Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA), promovida pela Sociedade Astrônomica Brasileira. “Muitos conteúdos são abstratos demais para alunos do 4 ano, como, por exemplo, o entendimento do funcionamento do sistema solar. Na internet, conseguimos encontrar vários vídeos sobre o assunto. Depois das minhas explicações, os alunos puderam ver imagens tridimensionais do movimento dos planetas, o que facilitou muito”, diz Eliane. Além disso, alguns temas bastante envolventes, como a vida de um astronauta e o dia a dia de uma expedição espacial ficaram muito mais claras a partir dos vídeos.


Além de participar da OBA, os alunos puderam visitar o planetário de Itatiba, na Região Metropolitana de Campinas (RMC) e esbanjaram conhecimento. “Ficamos orgulhosos de alguns comentários que os alunos faziam aos astrônomos que nos atenderam. Eles, de fato, tinham aprendido”, conta a professora.


No segundo semestre, a proposta de Campos é continuar levando as tecnologias para a sala de aula, além de criarem um blog, que será alimentado pelos próprios alunos e que vai reunir todas as produções digitais da escola.


Estudantes aprender a se relacionar com o mundo virtual
Levar as novas tecnologias para a sala de aula requer também alguns cuidados e, principalmente, coloca o professor diante de novas demandas. É isso que pensam os professores Eliane Lucy Marcelino e Paulo Cesar Campos. “Foi preciso também informar os alunos sobre como se faz pesquisa e a necessidade de separar as informações. Antes de começarmos um trabalho mais sistematizado, muitos achavam que pesquisar um tema era simplesmente fazer uma busca pela internet e entregar ao professor. Ensinamos também a confrontar informações e a duvidar do que se lê em todos os sites”, explica a professora do 4º ano. Discussões sobre segurança na internet e privacidade também ocorreram, e um dos pontos mais polêmicos também começou a ser esclarecido na escola: “Muitos acham que a internet ensina as pessoas a escreverem errado, por causa das abreviações. Não acredito nisso. Uso as diversas variações presentes na web para mostrar aos alunos que, para cada objetivo de comunicação, há um tipo mais adequado de registro da linguagem. A quantidade de textos disponíveis na internet, desde um simples post numa rede social até um artigo científico, possibilita essa abordagem”, completa Eliane.

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